O prazo para entregar a declaração de Imposto de Renda começa no dia 1, mas o contribuinte já pode começar a se organizar para evitar erros e não cair na malha fina. Segundo especialistas, o principal a fazer, enquanto a Receita Federal não libera o programa para preenchimento da declaração nem confirma as regras para este ano, é reunir os documentos necessários para ter em mãos as informações sobre ganhos e despesas do ano passado, para não precisar procurar tudo na última hora.
Método mais fácil é ‘colar’ da declaração anterior
Para quem já acertou as contas com o Leão em 2013, usar a declaração do ano passado como base para este ano deixa a tarefa muito mais fácil. Caso o contribuinte não tenha tido variação patrimonial, boa parte do trabalho consiste em simplesmente atualizar as informações com os valores que serão usados neste ano. O programa da Receita conta com uma funcionalidade que permite importar o arquivo gerado no ano passado. Em caso de perda do arquivo, é possível recorrer a um backup.
— Sempre aconselho a imprimir uma cópia em papel, com todos os dados — recomenda Antônio Teixeira, consultor tributário do grupo Sage.
Com os dados do ano anterior devidamente separados, o documento mais importante para a maioria dos trabalhadores é o informe de rendimentos, que as empresas devem disponibilizar até dia 28 de fevereiro. Aposentados e pensionistas podem obter essas mesmas informações pela internet, no site da Previdência Social. Neste ano, é obrigado e declarar Imposto de Renda quem recebeu mais de R$ 25.661,70.
Ainda relacionado aos ganhos, é importante ter atenção especial à variação de patrimônio. A Receita classifica como alienação toda operação como venda, compra, doação e permuta. Em caso de ganho de capital (ou seja, para quem vendeu algum bem mais caro do que comprou), é preciso declarar, caso a operação seja superior a R$ 35 mil, limite da categoria de “pequenos valores” estabelecida pelo Fisco. Portanto, recibos de compra e venda devem estar à mão, para que os valores sejam declarados corretamente.
Atenção aos rendimentos de dependentes
Em relação a despesas dedutíveis, uma das principais orientações é ficar atento aos rendimentos de dependentes — portanto, o informe de rendimentos de pais ou filhos que tenham renda também devem ser separados. Neste ano, o máximo a ser deduzido por dependente é R$ 2.063,64.
Outra dica é em relação às despesas. Segundo Leandro Souza, gerente sênior de capital humano da EY, um dos erros mais comuns é deduzir gastos integrais com despesas médicas, quando o correto é incluir apenas as despesas não reembolsadas pelo plano.
— Por exemplo, você teve uma despesa de R$ 100 e o plano reembolsou R$ 20, às vezes a pessoa reporta a despesa completa e não só o não reembolsado — explicou o especialista, lembrando que valores muito altos também podem chamar a atenção do Fisco, mesmo que sejam legítimos, por isso é importante manter documentos por até cinco anos: — Às vezes a pessoa reporta um valor de despesas médicas muito altas. A Receita tem um sistema para calcular se o percentual de gastos médicos é muito alto em relação à renda. Esses valores podem até ter incorridos, mas a Receita pode precisar verificar.
Contribuintes de primeira viagem: treinamento com software antigo
Para os contribuintes de primeira viagem — parcela que tende a crescer neste ano — a dica dos especialistas é treinar com o programa do ano passado, enquanto a Receita Federal não libera o download da nova versão. O software está disponívelneste link. Consultores que tiveram acesso à versão de testes deste ano afirmaram que as mudanças em relação ao aplicativo de 2013 são mínimas.
Como em todos os anos, a orientação dos especialistas é: não deixar para a última hora. Segundo o consultor financeiro Mauro Calil, quem já se organizou durante o ano, vai ter menos dor de cabeça para organizar a papelada na hora da declaração:
— A pessoa já deveria ter separado durante o ano todos aqueles comprovantes (despesa média, escola etc), tudo que é dedutível. Além dos informes de renda. Vai colocando tudo no mesmo envelope para a declaração. É melhor que sair catando papel pela casa.
Fonte: O Globo