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Por ato em defesa de líder do governo, Senado adia reforma da Previdência

No horário da votação, Alcolumbre reuniu líderes e foi conversar com o presidente do STF, Dias Toffoli 

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), decidiu adiar a votação do primeiro turno da reforma da Previdência para a próxima semana.

No horário em que a matéria seria votada na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), na manhã desta terça-feira (24), Alcolumbre marcou uma agenda de caráter corporativista: reuniu líderes partidários e foi ao STF (Supremo Tribunal Federal) conversar com o presidente do Judiciário, Dias Toffoli, para apresentar um recurso à decisão do ministro Luís Roberto Barroso que, na semana passada, determinou busca e apreensão em endereços do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE).

"Não existe isso de ação corporativa. Existe um Poder, com um recurso legítimo da Mesa Diretora do Senado em relação a uma ação de outro Poder nesta Casa", argumentou o presidente do Senado.

Inicialmente, a PEC (proposta de emenda à Constituição) seria votada nesta terça-feira na CCJ pela  manhã e no plenário à noite. Na segunda-feira (23), a presidência do Senado adiou a apreciação em plenário para quarta-feira (25), para que fosse possível convocar sessão do Congresso Nacional, onde, além de vetos à lei de abuso de autoridade –uma resposta que parlamentares querem dar à operação que teve Bezerra como alvo–, está na pauta a liberação de emendas negociadas pelo governo em troca da aprovação da reforma da Previdência.

Emendas são formas de um parlamentar destinar recursos para sua base eleitoral e foram negociadas com o Palácio do Planalto quando a proposta de reestruturação das regras de aposentadorias estava na Câmara.

Senadores também querem o mesmo benefício e interlocutores do presidente Jair Bolsonaro analisam os pedidos do Senado.

Com o novo adiamento, a PEC só deve ser apreciada na CCJ e, em primeiro turno, no plenário, na próxima terça-feira (1º). O segundo turno, inicialmente programado para 10 de outubro, agora está previsto para um elástico prazo de "primeira quinzena de outubro".

A decisão de adiar a votação contrariou a presidente da CCJ, Simone Tebet (MDB-MS).

"Fui voz vencida. Achávamos que [...] conseguiríamos votar a reforma da Previdência até 15h para não prejudicar [a sessão do] Congresso, mas houve uma determinação do presidente da Casa junto com os líderes e nós temos que acatar", afirmou Tebet.

Irritado com os questionamentos da imprensa, Alcolumbre disse não haver outro momento para fazer a visita institucional à Toffoli.

"Não [podia fazer em outro momento]. Esta visita que o Senado está fazendo ao Supremo Tribunal Federal é uma visita institucional em nome de um Poder. Todos acompanharam os acontecimentos na semana passada em relação a uma decisão monocrática do Supremo Tribunal Federal de uma cautelar no gabinete do senador e líder do governo, Fernando Bezerra", afirmou.

A operação da Polícia Federal que teve como alvo o líder do governo no Senado por suposto recebimento de propina gerou um clima de instabilidade.

A ação da semana passada irritou Alcolumbre e líderes partidários, criando um cenário de revanchismo às vésperas do primeiro teste da reforma no plenário do Senado.

"Faremos um recurso e ele vai ser protocolado agora no gabinete do presidente do Supremo Tribunal Federal, pedindo uma suspensão de liminar desta decisão monocrática que adentrou o Congresso Nacional. Não é da forma que você coloca, se haveria outro momento. Este  é o momento de reafirmação do Poder Legislativo", disse Alcolumbre.

Apesar da mudança no calendário, o presidente do Senado negou que esteja havendo adiamento da votação da reforma previdenciária.

"É engraçado que fica a informação ou a aparente informação de que uma reunião do Congresso  Nacional, dos  líderes partidários no STF para restabelecer a harmonia e a independência entre os Poderes, parece que essa reunião atrasa o calendário da reforma. Não sei quem está falando isso. O calendário da reforma da Previdência  é 10 de outubro. Aliás, foi a primeira quinzena de outubro sempre."

Fonte: Folha de S. Paulo