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Previdência: relator da reforma diz que regras de pensão por morte podem mudar no Senado


Jereissati não revela que mudanças podem ser realizadas, mas afirma que eventuais alterações seriam feitas por PEC paralela


BRASÍLIA - Alvo de discussões na Câmara , as novas regras de acesso à pensão por morte previstas na reforma da Previdência podem voltar a ser alteradas no Senado . A avaliação é do senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), relator da proposta na Casa.

Após se reunir com integrantes da equipe econômica na noite de segunda-feira, o parlamentar disse ao GLOBO que o tema deve estar na lista de possíveis emendas que serão feitas ao texto.

- Acho que vai ser uma questão aqui, ainda, a pensão por morte - afirmou Tasso, perguntado se o tema poderia voltar a ser discutido. - Eu acredito que essa discussão, não sei como, vai voltar. Mas o jogo começa agora. Estamos entrando em campo, ninguém sabe o que vai acontecer.

Hoje, viúvas, viúvos ou outros dependentes podem receber o valor integral do benefício deixado pelo segurado, limitado ao teto do INSS (R$ 5.839,45). Com a reforma, futuros pensionistas terão direito a 60% do valor a que o segurado falecido tinha direito com um acréscimo de 10% por dependente. Assim, uma viúva com dois filhos passaria a receber, por exemplo, 80% da pensão.

A nova regra causou polêmica durante a tramitação da reforma na Câmara dos Deputados porque acabava abrindo a possibilidade de que a pensão fosse inferior a um salário mínimo (hoje, R$ 998). O texto foi alterado várias vezes e, agora, garante que a pensão será atrelada ao piso, caso seja a única renda formal do dependente.

O relator da reforma no Senado não especificou que mudanças poderiam ser feitas no texto nesse trecho. Durante a tramitação da proposta na Câmara, deputados de oposição chegaram a sugerir que fosse mantida o texto atual da Constituição, que garante que nenhum benefício seja inferior a um salário mínimo, independentemente de ser ou não a única fonte de renda do segurado. O destaque ao texto que previa essa mudança não passou na Câmara.

Ao GLOBO, Tasso garantiu ainda que qualquer mudança ao texto será incluída em uma proposta de emenda à Constituição (PEC) paralela. Dessa forma, a tramitação do texto principal, aprovado na Câmara, não será comprometida, e os pontos de consenso já serão promulgados.

Isso inclui, por exemplo, a previsão de idade mínima de aposentadoria de 65 anos para homens e 62, para mulheres. Só as propostas de mudança retornarão à Câmara.

A PEC paralela também abrigará a reinclusão de estados e municípios ao texto. Essa previsão estava na proposta original encaminhada pelo governo, mas acabou sendo derrubada na Câmara.

Tasso afirmou que espera que o apoio formal de governadores ajuda a garantir que a proposta seja acolhida pelos deputados dessa vez.

- O que tem de novo, pelo menos pelo que eu li nos jornais, foi uma reunião que eles tiveram e se comprometeram a fazer um documento unânime, formalizando (o apoio), e mandar para suas bancadas e para o presidente do Senado. Isso é um fato novo que ajuda - disse o relator.

A reunião com os integrantes da equipe econômica também serviu para alinhar o cronograma de tramitação da reforma no Senado e tirar dúvidas. A ideia é que sejam realizadas audiências públicas entre os dias 19 e 23 de agosto, na semana que vem. Na semana seguinte, dia 28, Tasso faria a leitura do seu relatório na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Vencida essa etapa, a reforma precisa ser votada em dois turnos no Senado. A avaliação é que o processo pode ser mais rápido do que na Câmara, graças aos relatórios de uma comissão paralela, instalada por senadores, enquanto o texto ainda estava na Câmara.

Fonte: O Globo