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Previdência privada cresce menos com alta dos juros

O interesse do investidor por planos de previdência privada diminuiu com o cenário de aumento da taxa de juros.

No primeiro semestre deste ano, a captação dos planos de previdência privada aberta apresentou a menor taxa de crescimento desde 2009, auge da crise internacional.

Dados da Fenaprevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) obtidos pela Folha mostram que esses planos captaram R$ 38,6 bilhões até junho deste ano, um aumento de 16,9% em relação ao mesmo período de 2012.

A variação só é maior do que os 9,2% registrados na primeira metade de 2009, auge da crise global.

Segundo Osvaldo Nascimento, presidente da Fenaprevi, o menor ritmo de crescimento é reflexo das recentes mudanças na taxa básica de juros. "A Selic voltou a subir, afetando a rentabilidade dos fundos de previdência."

No cenário de alta do juro, como o atual, o desconto feito no preço do título é maior, o que reduz a rentabilidade.Esses fundos aplicam a maior parte de seus recursos em títulos públicos. Com a alta da Selic, o preço de revenda do título prefixado emitido quando o juro estava menor cai, pois o valor do papel é atualizado diariamente pela diferença entre a taxa de juro atual e a de emissão do título. É a chamada "marcação a mercado".

Essa flutuação levou as pessoas a terem a percepção de perda. "Vimos crescimento dos resgates. O brasileiro não está preparado para a volatilidade. Ele tem que saber só tem prejuízo quando sai do plano", diz Nascimento.

ESTRATÉGIA

Os gestores buscam alternativas para melhorar a rentabilidade dos fundos. O aumento da parcela de títulos privados na carteira é uma delas, diz o consultor de investimento Marcelo d'Agosto.

Para atrair investidores, as empresas prometem ganhos maiores que os dos títulos públicos. No entanto, há o risco de calote da companhia.

Mas aí reside outro problema: há poucas emissões privadas de longo prazo. Segundo a Anbima (associação das entidades do mercado), foram emitidas 21 debêntures até 24 de julho, no total de R$ 8,3 bilhões. Debêntures são títulos de crédito que representam uma dívida da empresa.

O prazo médio de emissões é de seis anos e três meses. "Não há uma cultura de emissão de papéis de longo prazo", afirma Nascimento.

"O mercado é muito restrito", diz Daniel Escolesi, gerente de alocação e administração de investimentos da Brasilprev.

Outra arma do gestor é elevar a parcela de renda variável, como ações, na carteira. Mas há um limite para isso. O fundo de previdência pode ter, no máximo, 49% do investimento em renda variável.

"Defendemos maior flexibilidade. Por que não pôr todo o fundo em ações? Se o gestor não tem instrumentos para neutralizar a volatilidade, fica difícil", diz Nascimento.